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Descadastramento

Uma das ações de arte de bairro realizadas no âmbito de nossas pesquisas foi o “Descadastramento”. Trata-se de uma reação à iniciativa da Prefeitura de Fortaleza, que, com o objetivo de marcar as casas passíveis de remoção no Bairro Serviluz, lançou um
cadastramento, marcando essas casas com letras e números que nada significam para os moradores, transformando-os em índices e estatísticas sem ao menos conhecerem suas histórias com o bairro. O “Descadastramento” foi uma ação simbólica, realizada durante
assembleias, reuniões e encontros que aconteceram no auge das ameaças de remoção. Nas falas dos moradores, era frequente a expressão “nasci e me criei aqui” e, com a escuta atenta, propusemos a ação, que consistia no simples gesto de conversar com os moradores e perguntar-lhes sobre sua relação com o bairro. Perguntávamos especialmente há quanto tempo moravam ali e anotávamos em plaquinhas de papelão. O gesto simples não deixa de revelar a profunda importância da escuta que se traduz em sentimento de pertencimento ao bairro, à cidade, à condição de cidadão atuante. As plaquinhas elaboradas com os moradores proporcionaram maior visibilidade em situações como grandes assembleias, eventos e exposições em que nem todos podiam falar, mas suas vozes e seu afeto pelo bairro estavam presentes nas plaquinhas que portavam. Elas também compuseram a “instalação coletiva em movimento” denominada AGITPROP, experiência que vem sendo construída por Aline Albuquerque e coletivos desde 2016, tendo participado de diversas exposições, e que foi apresentada na exposição “Que vai chover amanhã”, no Sobrado Dr. José Lourenço, em Fortaleza, e teve curadoria de Ana Cecília Soares e Junior Pimenta, no período de 10 de agosto a 21 de setembro de 2019.

Exposição "Que vai chover amanhã"

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