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Luzes do Farol

Luzes do Farol¹ é uma intervenção urbana audiovisual que propõe espalhar gestos luminosos, tornando visíveis singularidades de viver e conviver em espaços pouco conhecidos e, muitas vezes, esquecidos, em Fortaleza.

Para Arendt (1989), a presença do outro que vê o que vemos e ouve o que ouvimos é o que garante a realidade do mundo e de nós mesmos. Nesse sentido, simbolicamente falando, pode-se entender “visibilidade” como a realidade compartilhada, provocando assim um tipo de deslocamento do conceito de visibilidade18 . (...) Visibilidade também consiste no enlace do “outro” e, nesse sentido, o outro precisa estar disponível. Construímo-nos na relação com o outro, no ato da distinção, e esse outro pode não ser outro encarnado, e sim, por exemplo, as tecnologias – a construção social das tecnologias, ou ainda, a palavra que é usada. No entanto, vive-se a retração do espaço compartilhado nos moldes do que Arendt (1989) descreve e, ao mesmo tempo, presencia-se a confluência do olhar para a tela da tevê e, mais recentemente, do computador. Estes são “os outros”, na atualidade, são os espaços que estão assumindo o lugar das “praças públicas”. (GORCZEVSKI, 2007, p. 27).

Com aspiração nas intervenções realizadas no Farol do Mucuripe, que vive o descaso do poder público, e em prédios abandonados no Vicente Pinzón, o Luzes do Farol procura trazer à tona questões geopolíticas, socioeconômicas e culturais, afirmando a participação comunitária e universitária e a produção audiovisual como política ativa que fortalece e inventa outros modos de vida, onde o sentido éticoestético encontra um lugar preponderante.

A intervenção foi criada na aproximação entre pesquisadores que participam do LAMUR e o Coletivo AudioVisual do Titanzinho. Foram realizadas três intervenções, sendo a primeira em dois prédios inconclusos no bairro Vicente Pinzón, cuja ocupação compôs parte da pesquisa “ornamento aventura errante”, desenvolvida no mestrado em artes da UFC pela artista e pesquisadora Aline Albuquerque. Reunindo imagens desta pesquisa e das ações realizadas no Farol do Mucuripe, provocou a pensar as políticas de remoção e os modos de inventar e ocupar o espaço urbano. A segunda edição ocorreu durante ocupações estudantis no ICA, entre novembro e dezembro de 2016. Foram exibidos curtas que levaram questões para o debate, pensando o intervir no espaço público e a arte como resistência estética e política. Vale ressaltar que muitos dos filmes foram produções ocorridas no bairro Serviluz. Na terceira edição, a intervenção aconteceu na III Mostra ICA, durante os Encontros Universitários da UFC, desejando criar um ambiente de conversa disparado por projeções de filmes (curtas) que fazem pensar como a arte pode contribuir com questões relacionadas ao direito à cidade e à universidade. Entre os curtas selecionados, alguns foram realizados por estudantes da UFC.
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 ¹ Texto de apresentação da Luzes Do Farol  compõem o artigo FORTALEZAS (IN)VISÍVEIS: INTERVENÇÕES URBANAS E AUDIOVISUAIS de autoria de Deisimer Gorczevski, Aline Mourão Albuquerque, Emília Schramm Duarte publicado em Arte Transmidiações Anais do 3º 

Congresso Intersaberes em Arte, Museus e Inclusão; III Encontro Regional da ANPAP Nordeste e 8ª Bienal Internacional de Arte Postal. Mais detalhes estão disponível em: https://www.even3.com.br/anais/3ciamiufpb2020/264463-fortalezas-(in)visiveis--intervencoes-urbanas-e-audiovisuais/ ISBN: 978-65-88243-65-7

Predinho/2016

Ocupação no ICA/2016

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