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TITAN NÃO SE VENDE

Informações sobre ZEIS
do Serviluz(Cais do Porto):

https://serviluzquepermanece.wixsite.com/especial/direitos

 

Na nossa cartografia Titan não se vende, com questões relativas ao audiovisual, à cidade, ao território, à moradia e ao pensamento na produção e partilha de imagens, trazemos modos de habitar|ocupar o território - Direito à Cidade, Descadastramento, ManifestAções - ações realizadas desde 2011 com a Associação de Moradores do Titanzinho e, a partir de 2013 com o Coletivo AudioVisual do Titanzinho, no bairro Serviluz, um processo disparado nas pesquisas  …  Cinema In(ter)venção): Cine Ser Ver Luz (2017-atual). 

Os estudos se constituem na perspectiva de intensificar as escutas e as análises de como os moradores vivem, convivem e resistem às constantes ameaças de políticas de remoção nesse território de Fortaleza. Nesta cidade, quase metade de seus mais de 2,6 milhões de habitantes vive em assentamentos que apresentam o mais variado grau de precariedade (UNIFOR, 2019). Que bairro é esse que vive, cotidianamente, com a incerteza da remoção de suas casas, em território considerado Zona Especial de Interesse Social (ZEIS)? 

Nos estudos de André Aguiar Nogueira (2006, p. 14), morador e historiador, as ações de resistência do Serviluz às políticas de remoção misturam-se ao próprio processo de surgimento do bairro, decorrente da remoção de moradores da região da Praia Mansa, em 1977, após investidas governamentais e empresariais para a construção do Cais do Porto. O bairro apresenta “um processo histórico instigante em um emaranhado de conflitos e resistências, intrigas e partilhas” (NOGUEIRA, 2006, p. 14). (...)

O movimento dos moradores tem sido vital no enfrentamento às ações da Prefeitura, desde o início da demarcação das casas na Rua Titan, nas proximidades do Farol do Mucuripe, bem como a pressão junto às famílias, no sentido de aceitarem as condições impostas para as remoções. Em 2018, a Associação de Moradores do Titanzinho organizou assembleias, em diferentes regiões do bairro, com especialistas ligados à Frente Popular de Moradia para debater os projetos da Prefeitura e de empresários e, principalmente, incentivar a criação de um Plano Popular para o Serviluz.

Em março de 2019, foi criada a Comissão Titan, com intensa participação de moradores da rua Titan, em aliança com a Associação de Moradores do Titanzinho. Com o objetivo de fortalecer a luta pelo direito à moradia, os moradores realizam intervenções e reivindicam melhorias no processo de urbanização do bairro, exigindo da Prefeitura ações que façam cumprir o Plano Diretor da cidade:

Em 2009, foi aprovado o Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFor), e neste Plano temos as Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS, consideradas como porções do território destinadas, prioritariamente, à recuperação urbanística, à regularização fundiária e à produção de Habitações de Interesse Social – HIS ou do Mercado Popular – HMP, incluindo a recuperação de imóveis degradados, a provisão de equipamentos sociais e culturais, espaços públicos, serviço e comércio de caráter local. (ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO TITANZINHO, 2019, p. 27).

 

O Serviluz, bem como o Cais do Porto (que compreende uma parte desse território, na região da Estiva e do Titanzinho), são ZEIS¹ e, portanto, deveriam ser prioridade para investimento público em urbanização e melhorias, o que não vem acontecendo². 

Um assunto recorrente nas sessões do Cine Ser Ver Luz e nos vídeos que realizamos é a temática do direito à cidade³ (LEFEBVRE, 2006) e, mais especificamente, as políticas de remoção, que perseguem os moradores do bairro até os dias atuais. Não é de hoje que as políticas neoliberais apostam em um modelo de progresso que “vai penetrando nas cidades e nas políticas urbanas [...], capturando territórios, expulsando e colonizando espaços e formas de viver” (ROLNIK, 2015, p. 373).

As lutas por direito à cidade e moradia digna seguem pautando as ações do Coletivo, como na sessão Peixinho: O bairro | a cidade que temos e que queremos, e na Mostra AudioVisual, nas edições Serviluz do nosso querer, em 2018, e Construção de um plano popular coletivo com a comunidade, em 2019, com filmes feitos com o Serviluz e alguns convidados, vizinhos de outros bairros.

O Coletivo produziu também o vídeo AMOTITAN, em 2018, convidando a conhecerem a atuação da Associação de Moradores do Titanzinho. O vídeo ressalta os combates e conquistas do bairro, entre elas, a regularização da ZEIS Serviluz e a luta por garantir também a efetivação da ZEIS Cais do Porto, uma vez que o bairro é constituído por duas ZEIS. 

Ao longo de 2019, acompanhamos as ações da Comissão Titan e, com ela e a Associação de Moradores do Titanzinho, realizamos outros vídeos de uma série com o nome TITAN NÃO SE VENDE, sendo o primeiro Existirmos a que será que se destina, o segundo com o morador José Araújo, conhecido como Dudé, e o terceiro com a moradora Kátia Lima, ambos integrantes da Comissão Titan, com a colaboração de Wesley Farpa, bolsista de Iniciação Científica da pesquisa Cinema In(ter)venção: Cine Ser Ver Luz (2017-atual), Ray Oliveira, integrante do Coletivo AudioVisual do Titanzinho e Deisimer Gorczevski pesquisadora do LAMUR e colaboradora do Coletivo e da Associação de Moradores do Titanzinho. 

"Titan não se vende - Dudé"

"Titan não se vende - Kátia"

Além das produções audiovisuais também realizamos curadoria de filmes que eram exibidos nos encontros e assembleias de moradores, entre eles o filme O lugar das perdas, dirigido por Israel Branco, na sessão do Cine com o tema: Moradia, direito nosso, que investiga as questões da casa, do espaço e da pertença de moradores que foram deslocados por um projeto de modernização e urbanização ambiental da chamada Vila do Mar, no bairro Pirambu, em Fortaleza. 

Como seria pensar a cidade desde os bairros? Pensar a cidade desde os vizinhos mais próximos, desde os afetos? As aproximações entre moradores de bairros que vivem na pele os processos de gentrificação associados aos interesses empresariais para fins de exploração turística e comercial nos fazem lembrar da força da vizinhança e com ela a persistência do caminhante, que Mia Couto (2011) apresenta como o “homem visitador”, para quem visitar é uma atitude, uma disposição aos encontros e a produção de laços, tão vitais na sociedade atual.

Nessa perspectiva, nos parece importante frisar que, na pesquisa cartográfica habitar|ocupar o território são alguns dos modos de inventar mapas com os trajetos e devires. Os mapas não devem ser compreendidos só em extensão, em relação a um espaço constituído por trajetos espaciais, geográficos. Existem também mapas de intensidade, de densidade, que dizem respeito ao que ocupa o espaço, ao que implica o percurso (DELEUZE, 1992). E, assim, na própria constituição do mapa, são delineadas as características do território. Como ressalta Nogueira (2015, p. 146),

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Em meio ao progresso voraz, o Serviluz tornou-se também um lugar de resistência popular. Em boa medida, o passar do tempo não apagou antigas formas de relação com o mundo natural. Alguns modos de organização social e laços de solidariedade e afeição têm atravessado gerações.

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¹ Nas mobilizações pelas ZEIS de Fortaleza, destacamos a relevante atuação dos professores Renato Pequeno e Clarissa Freitas, e da pesquisadora Valéria Pinheiro, do Laboratório de Estudos da Habitação (LEHAB), e as contribuições do professor Jeovah Meireles, do Laboratório de Geoprocessamento e Cartografia Social (Labocart), vinculados à UFC.

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