M + R #3
Ato Ele Não
SETEMBRO/2018
Gestou-se o desejo por um Micropolítica e Revolução 3 nas semanas que antecederam o período de campanha eleitoral no Brasil. Um assassinato, uma facada, prisões e uma investigação recheada de delações foram alguns dos marcos que evidenciaram o despontar de uma força política de direita, beirando o fascismo. Para o dia 29 de setembro de 2018 estava agendado o ato nacional das Mulheres que lutam por um mundo sem Fascismo, visando a promover a campanha Ele Não, contra o então candidato à presidência Jair Bolsonaro, por seus posicionamentos machistas, racistas e LGBTfóbicos. Os participantes da pesquisa Fortalezas Sensíveis: Intervenções com a Cidade e do LAMUR decidiram por realizar o M+R 3 durante a manifestação em Fortaleza, novamente ativando uma intervenção junto à cidade, desta vez no corpo a corpo, com materiais para muros e postes e para ornar no peito.
Nossas inspirações para cartazes para lambe e adesivos foram poesias de Mário Gomes (“Beijei a boca da noite e engoli milhões de estrelas. Fiquei iluminado”) e Hilda Hilst (“Tenho pedido a todos que descansem de tudo o que cansa e mortifica”), frases do russo Vladimir Maiakovski (“É preciso arrancar alegria ao futuro”) e Nise da Silveira (“É necessário se espantar, se indignar e se contagiar. Só assim é possível mudar a realidade”), combinadas com a foto de Mário Gomes; o stencil “Serviluz não se vende”, aplicado e fotografado na praia do Titanzinho, no bairro Serviluz; o símbolo de Vênus; e a cena histórica da garota que rejeitou apertar a mão do presidente-ditador João Figueiredo em 1979, junto a outras imagens produzidas por integrantes do LAMUR.
Além da impressão dos materiais para o dia da manifestação, os arquivos digitais foram disponibilizados para download no Facebook do LAMUR, criando possibilidades de mais pessoas conhecerem e, caso tivessem interesse, espalharem essas políticas|poéticas visuais.
Em 29 de setembro, o grupo se reuniu para produzir plaquinhas de papelão, que foram somadas aos cartazes para lambe e adesivos. Caminhando a pé da Avenida Santos Dumont à Praia de Iracema, lugar de concentração do ato, o grupo percorreu 2,9 km, cantando e espalhando poesias por postes, muros, portões e paradas de ônibus. Na praia, o grupo se juntou à multidão colorida e diversa que ali se posicionava, feito mar de gente, contra o fascismo, o machismo, a homofobia e a violência, e que clamava por “arrancar alegria ao futuro”.